Nos últimos 20 anos o interesse pelo universo xamânico tornou-se algo popular no meio espiritualista, mas afinal de contas o que é xamanismo?
O berço do xamanismo está na Sibéria onde feiticeiros e homens de conhecimento eram chamados de “xamãs”. Esses seres tinham o poder de comunicar-se com outros mundos, inferiores e superiores, vivendo em uma atmosfera de mistério e magia, e para se tornar um xamã deveriam passar pela iniciação de morte e renascimento, ou seja, ser um conhecedor do caminho entre as diversas dimensões e profundo mestre na arte de alteração de consciência.
Nas tribos dos índios norte americanos, por exemplo, esses homens e mulheres de conhecimento são conhecidos como “medicine woman e medicine man”, curandeiros e Curandeiras. Atualmente o xamanismo tornou-se a referência para toda cultura, cantos, medicina, rituais e filosofia dos povos nativos de todo mundo, então quando ouvimos a palavra “xamanismo” já conectamos a imagem aos povos indígenas.
O SIMBOLISMO DA RODA
Tudo na natureza é circular e espiralado, assim é o natural, o próprio desenvolvimento do tempo é cíclico. Em todas as culturas primordiais encontramos esse simbolismo como uma forma de conectar-se a natureza e deixar-se fluir com os ciclos naturais. O grande roubo da humanidade e do poder pessoal foi quando aprisionaram o tempo em um calendário linear, e proibiram as cerimônias de adoração aos diversos acontecimentos naturais como o início das estações (solstícios e equinócios) as celebrações das fases da lua.
A dinâmica da roda consiste nas direções da rosa dos ventos e seu significado. Todo o contexto organizacional, cultural, religioso e de gestão das tribos eram baseados no poder dessas direções. Sul, Norte, Oeste, Leste, cada direção com seu poder e significado:
DIREÇÃO SUL: No sul nos conectamos às aguas, ao corpo emocional, à nossa criança mágica, trabalhamos a confiança, a entrega e a doação. Quando estamos em desequilíbrio, no sul encontramos o papel de vítima, o medo, e a sensação de solidão.
DIREÇÃO NORTE: No norte encontramos a nossa direção essencial, nos “norteamos”. Aqui nos conectamos ao ar, ao corpo mental, às idéias flexíveis, ao conhecimento e sabedoria e aos nosso ancestrais e mestres. Em desequilíbrio encontramos a rigidez mental, o egoísmo e a sensação de estar “sem rumo”.
DIREÇÃO OESTE: No oeste encontramos o portal do profundo feminino, o elemento terra, o nosso sonho sagrado, o cuidado com nosso corpo físico, a cura, a morte e a transformação. Quando resistimos a nos entregarmos a essa qualidade, encontramos a doença e a estagnação.
DIREÇÃO LESTE: No leste a luz se faz presente, é onde nasce o SOL, sagrado masculino, conexão ao nosso corpo espiritual, determinação e foco, onde renovamos nossa energia para alcançar o grande salto quântico de nossa existência, o nosso fogo sagrado. Quando não conectamos com essa força, estamos sem energia, desvitalizados com nosso fogo interno sem calor.
Cada pessoa tem uma direção que tem mais afinidade, essa é a direção que te guia, onde você realiza o seu propósito de alma, mas é importante “girar” em todas as direções para tornar sua experiência completa.
Para os povos nativos o sentido da coletividade move todos os setores da vida. Todos possuem seu propósito individual que se encaixa perfeitamente na dinâmica grupal. Como o passar do tempo, a humanidade foi se distanciando desse contexto, isolando-se e entristecendo, esquecendo de sua origem primordial. Somos feitos para vivermos em grupos, bandos, clãs, e assim sentirmos que fazemos parte de algo maior, que nossa contribuição pessoal ajuda a formar a grande Teia da Vida, interconectados. A realização pessoal passa pela realização do coletivo, a felicidade se faz quando todos estão em comunhão.
O que temos hoje com os movimentos de coletivos, como coworking e cohousing, nada mais é que um retorno a nossa essência primordial. Quando assumimos o nosso lugar na roda, damos autorização para que o outro sente em seu lugar da roda, e assim cada um realizando seu propósito de LUZ, curando, transformando e resgatando seu poder pessoal.
A cosmologia das rodas é uma ferramenta fantástica de autoconhecimento e expansão da consciência, nas cerimônias xamânicas podemos escolher em qual direção vamos ficar para trabalhar determinada característica que precisamos de cura e de transformação.
Experimente alinhar-se as direções em suas práticas diárias de meditação.
Olhando para o SUL você intenta a cura de seu corpo emocional, libertando-se das mágoas e restaurando a alegria da criança mágica;
Olhando para o NORTE, intente a direção certa para sua jornada de vida, com sabedoria e flexibilidade, sabendo que tudo é impermanente.
Olhando para o OESTE, conecte-se com seu corpo físico, a morada de sua alma, peça cura, e alinhe-se ao seu sonho sagrado, permita-se um tempo para viver esse silêncio interior.
Olhando para o LESTE, peça a ação, a determinação e o foco do guerreiro e da guerreira da LUZ para seguir adiante em sua caminhada.
E quando você completa a roda, você acessa o centro, onde está o ponto de evolução da alma.
Margareth Souza